Touch: Gyre (01×11 e 01×12)

Todo dia, todo momento, em todo nanossegundo o mundo muda. Elétrons batem uns nos outros e  reagem. Pessoas colidem e mudam o caminho umas das outras.

Mudança não é fácil. Constantemente, é complicado e difícil. Mas talvez seja uma coisa boa. 

Porque a mudança é o que nos fortalece. O que nos torna resistentes. E nos ensina a evoluir.

Eu sei que muita gente, muita gente mesmo, desistiu de Touch logo no começo. E eu até concordo que a mitologia da série em si demorou um tempo para engrenar. Só que eu poderia dizer, olhando daqui para trás que, na verdade, ela foi no tempo exato.

A questão é que, pra mim, os episódios funcionaram muito bem sozinhos, ou seja, as tramas relacionadas ao número indicado por Jake sempre foram amarradinhas com um final que enchia meus olhos de lágrimas. O episódio acabava e eu estava satisfeita.

Então eu tinha dois prazeres: descobrir as pistas que nos levariam ao ponto seguinte da estranha relação de Jake, Teller e Amelia e descobrir como é que eles iam conseguir conectar histórias de pessoas em cantos opostos do mundo usando somente um número. Sim, eu sei, de vez em quando eles precisaram força a mão um tanto para que o número fosse “O” número, só que, se a gente pensar direito, muitas das coisas que acontecem na vida da gente podiam ser muito diferentes se a gente interpretasse determinada informação de outra forma, não é mesmo?

Finalmente, ter encontrado prazer em ver o desenrolar de cada trama, todas as semanas, fez com que esse episódio (estou tratando como um só, tá?) funcionasse ainda mais: ver Martin e Jake reencontrarem pessoas que conheceram ao longo do caminho e terem a ajuda delas para que o que era necessário realmente acontecesse – e o necessário era que eles chegassem a Los Angeles e encontrassem a mãe de Amelia – foi delicioso. Mesmo que a ligação fosse apenas aparecer num mesmo lugar, como as nossas duas japonesinhas alegres naquele pier.

Isso sem contar o valor do acaso: impossível não imaginar porque seria importante Martin esquecer de pegar as balas da arma, para em seguida entender que ele estaria morto se tivesse lembrado.

A temporada se encerra nos mostrando que a mãe de Jake, e consequentemente sua irmã, já sabiam que Jake era uma criança especial. Abigail, aparentemente, mesmo sem entender direito o que o que pretendia a empresa para a qual trabalha, sabia que precisava proteger o menino só que, ao invés de contar a Martin sobre o segredo, resolveu lutar por sua guarda. No final, a encrenca era maior do que ela pensava.

Já Clea nos dá a surpresa da noite, ou vocês pegaram logo que ela ajudaria os dois? Eu passei um tempo imaginando porque ela teria mudado de atitude, se a tinham ameaçado, se tinham contado algo. Então aproveitei em dobro quando percebemos que, na verdade, ela apenas montou o plano perfeito para que Jake fugisse.

Além disso, ainda tivemos o encontro entre Randall e Martin, para que ele pudesse transmitir o recado de Sarah e ainda permitisse a fuga. De novo o acaso, ou o destino, como for da preferência de vocês.

Com tudo isso o episódio ainda conseguiu algo que eu acredito ser o maior trunfo da série: sutilidade. Mesmo quando temos histórias mais tristes os roteiristas não partem para o dramalhão, deixando tudo mais leve.

E a mãe de Amelia? Bem, pelo que entendi ela é nossa versão feminina de Martin e passou parte de sua vida seguindo os caminhos indicados pela menina.

O que indica que, a partir de agora, ela se juntará aos dois e tentarão não somente encontrar a menina, mas também descobrir porque, afinal, tanta gente está disposta até mesmo a matar por aquilo que essas crianças podem oferecer.

Mas a verdade é que fica em nossa memória, de todo esse excelente episódio final, Jake e Martin com suas mãos se tocando, não é mesmo?

P.S. Gif encontrado no Tumblr pesquisando em busca de um clipe com Don’t Worry. Se alguém encontrar por aí, please, me avisa? Vocês não fazem ideia de como o acaso, agora na vida real, fizesse com que eu assistisse ao episódio no exato momento em que eu precisava ouvir que tudo ficará bem.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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