The Walking Dead: A New Beginning (9×01)

Chamei uma amiga, a Fernanda Martins, para falar sobre a volta de The Walking Dead nesta nona temporada (afinal, tanto tempo de janela merece alguém que entende do assunto para falar, não é mesmo?)

The Walking Dead é a típica série que, temporada após temporada, parece precisar lutar para se reinventar, segurar fãs e provar que ainda vale a pena ser assistida. Fãs que se dividem entre aqueles que conhecem os quadrinhos e não conseguem evitar a comparação entre um e outro e aqueles que só acompanham a série e precisam lidar com momentos filosóficos demais para uma série em teoria de ação e com episódios fillers que não fazem sentido.

E, após um fim de temporada um pouco agridoce, a série volta em sua nona temporada com um episódio que tenta se manter fiel aos quadrinhos o melhor que pode, mas ainda sem dar o novo ritmo que a série vem precisando há algum tempo.

Sabemos que se passou algum tempo após o final da guerra contra os Salvadores, pois o episódio foca em mostrar como as comunidades se recuperaram e desenvolveram desde então, vemos crianças maiores, papéis sociais bem definidos, lideranças políticas estabelecidas, e uma sociedade melhor estruturada entre cada comunidade.

Rick (Andrew Lincon) é o líder respeitado por todos, afinal, ele quem acabou com a ameaça de Negan (Jeffrey Dean Morgan). Maggie (Lauren Cohen) está a frente de Hilltop, que é a cidade que mais prospera, enquanto o Santuário é quem mais precisa de ajuda das demais – uma vez que vivem dentro de uma fábrica, não plantam nem produzem o suficiente para se sustentar sozinhos. Contudo, nem todos se sentem felizes em ajudar os antigos inimigos, mostrando que ainda há feridas abertas nesta relação.

Boa parte do episódio acaba girando nestes detalhes de sobrevivência, apenas com algumas cenas mais tensas de zumbis para dar uma animada, até que um personagem aleatório morre por um motivo estúpido e isso gera um conflito grande dentro de Hilltop, orquestrado por Gregory (Xander Berkeley).

Apenas no final do episódio é que as coisas dão uma acelerada, ainda que de forma desajeitada. De uma tacada Gregory consegue: tramar a morte de Maggie; arrumar alguém para fazer o trabalho sujo por ele; falhar; ser descoberto; pela primeira vez na vida tomar uma atitude com as próprias mãos; e falhar de novo – tudo em questão de horas.

Vemos, então, Maggie mostrar um lado mais severo, mais resoluto no que ela acredita e quer e, principalmente, mais independente de Rick. Com quem, na temporada passada, ela já havia brigado depois de Rick ter poupado a vida de Negan. Um prenúncio do provável conflito que virá para os dois que, embora estejam do mesmo lado, tem visões bastante diferentes sobre o mundo.

Para os fãs das HQs, talvez tenha ficado uma sensação um pouco frustrante. Não vimos o Negan, não apresentaram o arco de histórias que ocorridas logo após a Guerra (que é, na minha opinião, o mais visceral de todos, que mais reflete a condição animal do homem), não indicaram como resolverão o vazio deixado pela morte do Carl (Chandler Riggs), que não acontece nos quadrinhos, e nem de longe começaram a desenhar a saída do Andrew Lincon da série (ok, é cedo demais para isso, mas se for para chutar, diria que vão matar o Rick da forma como fizeram com a Andrea nos quadrinhos).

Para quem não lê e portanto não espera nada do que está por vir, tenho minhas dúvidas sobre o quanto esse episódio pode ter animado para a temporada. Embora a cena final seja, digamos, merecida (acho que todos concordamos nisso), ela gera nenhum grande gancho. Não fosse a relação estremecida entre as cidades por Rick e Maggie discordarem da forma como lidar com certas coisas, o episódio praticamente se encerraria nele mesmo, sem grandes pontas soltas relevantes.

A temporada precisava começar com um episódio que situasse os espectadores em relação à passagem de tempo e tudo que aconteceu, porém acho que ele acelerou demais alguns eventos e perdeu suas nuances, ao mesmo tempo que se alongou demais em situações e cenas amenas ao invés de introduzir algo que realmente empolgasse os fãs para a semana seguinte.

Contudo, sabendo o que acontece nos quadrinhos e vendo o que foi feito aqui é possível imaginar o que teremos na semana que vem – e se eu estiver certa, mal posso esperar para ver como eles irão executar algumas cenas.

Espero sinceramente que The Walking Dead volte a ter uma boa temporada, como não vemos há um bom tempo, principalmente porque a história que a inspirou tem material para isso.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

4 Comentários


  1. Gostei de ter alguém escrevendo sobre a série, bem vinda!
    Foi mesmo, infelizmente um episódio morno e ainda muitas perguntas e lacunas a serem preenchidas . Na torcida para que esse “up” venha logo.

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  2. Reafirmo o que a Claudia Regina disse, gostei de ter alguém escrevendo sobre TWD, muito bem vinda !

    Eu entendo o ponto de vista do Rick em não matar o Negan, mas o meu lado vingativo onde tivemos perdas de vidas de modo cruéis, sou muito a favor da Maggie sobre dar um morte bem merecida para o Negan.

    Fiquei surpresa em saber que o Santuário está assim pois era uma comunidade muito bem estruturada, com suas plantações / sua guarda / estudos.

    Ainda não entendo do Gregory ainda está transitando nas comunidades, já devia a muito tempo ter virado zumbi.

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    1. Me equivoquei, o Santuário é a fábrica, o Reino continua com suas plantações.

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  3. Adorei!

    Sempre bom ter opiniões sinceras sobre os personagens principais e expectativa real pro episódio e temporada.
    Saudades de ficar sem ar ou mega abalada com o fim de algum ep. 🙁

    Fica Fernanda, vai ter bolo!

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