Bates Motel: The Cord (5×10)

Desde que a série estreou nós sabíamos que não havia final feliz possível. Ao longo do caminho, encantados por Norman quando ele não estava tomado por sua segunda personalidade, apaixonados por Norma quando ela sorria com os olhos, sempre elegante, e nos fazia esquecer de sua insegurança por um momento ou dois, de olho no bonitão do xerife Romero, esquecíamos deste pequeno detalhe e nos permitíamos sonhar um pouco.

Menos a cada temporada, menos ao percebermos que cada vez tínhamos menos de Norman e que Norma era cada vez menos ela mesma.

Então temos The Cord a nos lembrar que, ainda que tenhamos perdido muito da esperança, essa foi a história entre a obsessiva, dependente, louca relação entre um menino e sua mãe. Sobre o cordão que os ligava e como Norman fez absolutamente tudo para que ele não se partisse – e jamais percebeu que foi justamente sua obsessão que o afastou dela.

Talvez por isso eu imaginava tão equilibrado que o destino final de Norman viesse pelas mãos de Romero, ele próprio perdido na obsessão por Norma, pelo amor que não pode ser. O encontro dos dois neste episódio foi mais do que o encontro de dois homens, foi o encontro de duas loucuras e talvez isso explique porque, mesmo tendo várias oportunidades, Romero não o matou. Como se, ao fazê-lo, ele tivesse que deixar sua história com Norma para trás e ele não fosse capaz de fazê-lo.

Ao mesmo tempo, ao matar Romero, ali onde o corpo de sua mãe estava, Norman se despediu de forma definitiva de nós, quando a mãe que habitava dentro dele também partiu e deixou alguém ali que não era mais nem um nem outro.

E, para a despedida, foi perfeito trazer de volta os diálogos e cenas do primeiro episódio, o contraponto entre o tanto de esperança que aquela cidade e aquele motel representavam para os dois e o agora, onde nada mais resta. Uma Norma morta e um Norman definitivamente perdido.

A última ponta que faltava era um encerramento entre Dylan e Norman e a partir daí eu sabia que caminho o roteiro seguiria e por um momento eu não quis ver. Se o final foi bondoso com Norman, que não sobreviveria na cadeia e que não merecia passar o resto de sua vida dopado com drogas diversas, eu achei tão injusto com Dylan.

Ainda que as cenas finais nos façam crer que ele ficou bem.

Ainda que eu saiba que Norman amava seu irmão verdadeiramente. Ainda que existir sem sua mãe fosse impossível para o menino.

Talvez esse foi o “final feliz” possível.

P.S. Farmiga e Highmore: uau!!! Jamais entenderei como eles não faturaram todos os prêmios possíveis por suas interpretações.

P.S. do P.S. Dream a Little Dream of Me foi a música escolhida para encerrar esta história que sempre foi muito de sonho, principalmente sobre a pessoa que sonhamos e não a verdadeira – o Norman que Norma acreditava existir, a Norma que Norman carregou dentro de si por tanto tempo.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

2 Comentários


  1. Fiquei muito satisfeita com esse final, muito diferente do filme e no meu ver foi o mais próximo de um final feliz que poderíamos esperar.

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