Grey’s Anatomy: True Colors e Ring Of Fire (13×23 e 13×24)

Bom, vamos admitir: passamos quase a totalidade dos episódios desta temporada reclamando das decisões de roteiro, das tramas erradas, dos personagens descaracterizados. Não ia ser na dupla de episódios finais que eles iam conseguir se redimir, não é mesmo?

Não que eles não tenham tentado ao enfiar um estuprador a solto, uma explosão e um incêndio no meio para ver se desviavam a nossa atenção. Em verdade essa dupla de episódios acabou servindo para nos mostrar que não existe “episódio catástrofe” que salve a falta de história.

Fica até difícil escolher aqui: falo da trama ou falo dos personagens? Falar da trama me parece pior porque significa ressaltar seus defeitos. Falar dos personagens não salva muito, já que o que não funcionou na trama foi por conta das atitudes que foram obrigados a tomar.

Comecemos pela Stephanie: o anúncio da saída da atriz já havia sido feito e com isso a chance de que ela morresse era a aposta da maior parte dos fãs da série, então sua sobrevivência e o motivo de sua saída – o fato de não aguentar mais viver em um hospital depois de uma infância doente e os anos de faculdade – coerente. De bônus uma despedida emocionada de Richard (merecidamente).

O problema foi o caminho até aqui: no episódio anterior Minnick fez questão de colocar a moça em terapia – aquele momento em que eu fico pensando porque todos os médicos do hospital não fazem terapia intensiva – e afastá-la do atendimento. Aqui entre nós isso devia ter acontecido episódios antes, quando Minnick fazia questão de valorizar Stephanie e colocá-la para operar pessoas, afinal os motivos para que ela precisasse da terapia aconteceram antes mesmo da chegada da média treinadora.

Ou ela nem se deu ao trabalho de ler as fichas dos residentes que ia treinar?


Bom, trama jogada no episódio passado e resolvida “asap”: Richard assina que ela pode voltar ao trabalho e ela resolve burlar a recomendação de Grey de que um paciente fique em repouso absoluto para leva-lo para ver a “namorada”.

Que não era namorada, mas a moça que ele tentava estuprar e que agora ele quer matar. Claro que alguém no meio do caminho não tem a menor descrição e conta para Stephanie sobre o estuprador em alto e bom som, de maneira que ele escute e então possa sequestrar a residente.

Ninguém nas faculdades de medicina ensina a não fazer comentários deste tipo na frente de pacientes? Porque o povo aqui e em Chicago padece da mesma falta de bom senso.

Bom, presa em um corredor com o estuprador e a menina que tem os piores pais do mundo (além de ser mal-educada), o que Stephanie faz? O avisa que um incêndio seria capaz de abrir as portas para sua fuga. Me diga: quem daria essa ideia a um bandido? Eu diria a ele que não existe como abrir a porta, que ele vai ter de se entregar, mas não dar ia ideia a ele para um incêndio.

Bom, moço tentando acionar o alarme com fogo, Stephanie faz o quê, tendo o bisturi que ele usava para ameaça-la jogado no chão? Ela o derruba e o prende, considerando que ele está todo dolorido do acidente e que ela com certeza é mais forte que ele naquele momento (e ainda pode contar com a ajuda da menina)? Não, ela resolve jogar álcool nele e então ele pega fogo. Ao lado de montes de tanques de oxigênio.

A explosão acontece, ela é jogada longe, o corredor vem abaixo e ela fica como? Com uma queimadura pequena no braço, mas plenamente capaz de carregar a garota escada acima e depois descer escada abaixo e subir de novo, em meio a um fumacê danado, salvando a si e a menina.

Sabe aquelas coisas que você perdoa porque a história é muito boa, as atuações são muito boas e os personagens são seus queridos? Então, faltou tudo isso para que eu perdoasse a sequência de besteiras.

E eu nem falei de Ben entrando no hospital para se lembrar de onde tinha visto Stephanie pela última vez sem que nenhum bombeiro o impedisse, o fato dos bombeiros não passarem pelas escadas a procura de sobreviventes nos andares em chamas ou o fato de ninguém tem pensado em avisar sobre a falta da residente. Sim, pediram à Minnick que o fizesse, mas se uma colega estivesse perdida no meio de um incêndio você não aproveitaria cada encontro com um bombeiro para perguntar se ela foi encontrada?

E aí entra a superficialidade do discurso de Bailey para despedir Minnick: sim, a moça é inútil mesmo, mas a verdade é que Stephanie e a Erin (a menina pentelha), não precisariam ser salvas se o tanto de erros já descrito acima não tivesse acontecido.

E já que falei de superficialidade de discurso: sim, eu desconfiei de alguma ligação entre Maggie e Jackson quando Diane faleceu, mas o assunto passou completamente ignorado, assim como as consequências de Jackson ter dormido com April em Montana e então foi com surpresa que dei de cara com a reação de Maggie ao complexo de herói dele e com April dizendo que está claro que os dois tem sentimentos um pelo outro.

Deus sabe, e vocês também, que não gosto do casal (para mim um típico caso em que o sentimento não é capaz de compensar as diferenças entre os dois e que eles funcionam melhor separados), mas não dá para tratar a relação deles com tanto descaso. Eles não são meros figurantes.

E o Alex alheio a tudo só para dar uma encarada no ex-marido da Jo enquanto se imaginava surrando o cara e indo parar na cadeia? Para que? Sim, a gente sabe que ele sofre da mesma síndrome de herói que o Jackson, mas depois de tudo que ele passou nesta temporada, porque não um episódio com ele e seus pacientes?

Não sobra nada elogiável neste final de temporada, então? Sim, sobra. E talvez a minha frustração maior venha pelo fato de que as duas coisas de que mais gostei acabam por ressaltar aquilo que odiei: Amelia e Meredith.

Amelia que se tornou odiável ao longo da temporada por conta da péssima escolha dos roteiristas, de novo, quanto ao caminho a seguir por conta da gravidez da atriz. A personagem engravidar funcionaria melhor do que afastá-la de Owen com a justificativa nula de que ela não estaria pronta para uma gravidez, isso depois dela e Owen buscarem isso por episódios.

A personagem que sofreu o aborto difícil, que venceu o vício em drogas, que viu o homem que amava morrer, que viu o irmão que foi um verdadeiro pai morrer, se cala frente ao homem que ama e não lhe diz o que sente, simplesmente o afastando.

A decisão péssima prejudicou não somente a personagem, como Owen, que acabou passando a temporada à deriva e com cara de choro.

Então neste episódio, quando a notícia de que Megan foi encontrada viva – eu avisei que essa história de Megan ter desaparecido era a desculpa perfeita para ela ser ressuscitada pelos roteiristas -, Amelia volta a ser Amelia. Ela toma conta das coisas, ela é prática e ela fica ao lado do marido em silêncio, apenas para que ele saiba que ela está ali.

A confusão de Owen é compreensível: são dez anos de desaparecimento. Eu não sei como eu lidaria com algo tão absurdo assim.

Outra que lidou melhor que eu, e a segunda melhor coisa desse episódio, foi a Meredith. Como é maravilhoso ver como a personagem amadureceu!! Sabemos que ela não ama Riggs, ela ainda estava se apaixonando por ele, mas isso não diminui a importância de como ela encara a volta de Megan.

Sim, eu preferia que ela não falasse de Derek para justificar sua atitude, mas acho que ela mais citou o marido para que Riggs confiasse que ela estava vem ao mandar que ele fosse ver a noiva que “voltou dos mortos”, então aceito.

Não gosto que o retorno de Megan seja o gancho para a próxima temporada, torço imensamente para que não sirva para a criação de um novo triângulo amoroso – Meredith merece mais que isso -, mas fiquei feliz tanto pelo Owen como pelo Riggs. Neste momento, pelo menos, em que não temos os dois lidando com os muitos problemas que virão (afinal a guria ficou dez anos no meio do nada, quem sabe até na mão de terroristas).

Resta torcer para que os roteiristas pensem mais no que fizeram com Amelia e Meredith neste episódio final antes de definirem o que farão com os demais na próxima temporada. E que ela seja melhor que esta porque, olha, não foi fácil.

Músicas do Episódio (fazia tempo que eu não fazia isso nos textos de Grey’s, mas este episódio mereceu)

Breathe – La’Porsha Renae
10,000 Miles – Lily Kershaw
Dancing On My Own – Calum Scott

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

2 Comentários


  1. Realmente essa temporada terminou como começou, FRACA. A única coisa que me surpreendeu foi que a Shonda não usou sua vontade de sangue matando a Stephanie.

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  2. Concordo com tudo que vc escreveu e que desperdício essa temporada! E já estou irritada pra próxima com o triângulo amoroso: Amélia, Owen e Altman. Nunca acreditei que Riggs e Meredith pudessem dar certo, com a chegada da Megan , acho que acabou mesmo. Jackson e Meg… preferiria Jackson e April, não suporto a Meg . E quero Alex Karev de volta !

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