Bates Motel: Norman (4×10)

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Eu já sofria antes mesmo do episódio começar. A lembrança da morte de Norma ainda me assombrava, ainda que eu tivesse a vã e ilógica esperança de que ela pudesse se levantar. Só que eu nem tinha ideia de quanto essa sensação pioraria por ver Romero completamente quebrado.

Para alguns o estado em que Romero ficou pareceu exagerado, eles não lembravam que desde a chegada de Norma da cidade ele já não era o mesmo. Para mim, e mais alguns, que os dois ficariam juntos não era dúvida nenhuma, a questão era quando e nas vezes em que se repetiu no episódio a verdade de que eles só ficaram duas semanas realmente juntos só tornou as coisas piores.

Se nós sabíamos que eles estavam destinados a serem infelizes, que pelo menos eles pudessem ter aproveitado um pouco mais do que tiveram juntos. Que nós pudéssemos ter aproveitado um pouco mais da Norma que vimos nos últimos episódios. E eu esqueci completamente de comentar isto no texto passado, mas a Norma de Romero era aquela de cabelos mais naturais, menos loiros, mais ondulados, do sorriso em meio ao festival das luzes. A do episódio passado e esta do episódio de hoje, a da mente de Norman, é aquela de cabelo quase branco, armado como se não fosse verdadeiro. Uma boneca que não tem chance de ser feliz.

Espero de verdade que pelo menos isso o Romero saiba, que ela a fez feliz de verdade. Quem sabe isto sirva de consolo para ele, já que sua entrega ao pessoal do FBI – que se tornou o povo mais inconveniente “ever” depois de impedir o Romero de dar um tiro no meio da testa do Norman – mostra que ele não tem mais nada mesmo.

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E o roteiro tomou o cuidado de confrontar estas duas coisas: enquanto Romero vai ao longo do episódio assumindo que não tem nada, que nem mais vivo, vemos Norman como o oposto. Ele começa vazio, ele parece acreditar mesmo que não foi ele que matou sua mãe, isso depois de perceber que ela realmente não vai mais voltar.

Ele desiste da vida, mas de forma diferente: ele abandona os remédios e mergulha de vez em sua loucura. Nela seu cão empalhado recobra a vida e sua mãe toca piano. Nela não existe mais espaço para Dylan, e eu torço para que ele deixe isto para lá e fique longe do que pode matá-lo.

Um mundo em que qualquer simpatia que pudéssemos ter por ele porque ele é doente, desaparece.

É este ambiente louco

Meu único senão com o episódio se refere ao total isolamento do período de Norman no hospital e o acontecimento desta noite. Eu sei que o FBI estava louco para pegar Romero, mas a polícia não se dar ao trabalho de perguntar ao médico dele se eles precisavam ter alguma preocupação com Norman me pareceu um “esquecimento” imperdoável. A própria ausência do doutor Edwards é inexplicável.

Inexplicável e imperdoável me parecem os únicos termos aplicáveis porque, devem concordar comigo, esta foi uma temporada sem defeitos. Na verdade a minha frustração com estas falhas é a maior prova de como eles conseguiram me envolver ao longo dela.

P.S. Não sei vocês, mas este episódio se torna ainda mais “parte coração” porque não veremos Vera Farmiga ganhar um grande prêmio por sua atuação. Esta mulher nos entregou a mais complexa mulher nas três primeiras temporadas e nesta duplicou seu merecimento aos nos entregar também a Norma que vivia na mente de seu filho, uma mistura dos trejeitos dos dois personagens, uma Norma com o olhar doente, maníaco, de Norman. Fico completamente frustrada com isso. Por isso torço para que  Norma da mente de seu filho nos visite constantemente na próxima temporada e que este erro seja corrigido.

P.S. do P.S. Já sabíamos que Norman era um psicopata odiável, então o roteiro da série teve o mérito de nos fazer esquecer disso ao longo das duas primeiras temporadas. Mas foi apenas neste episódio que ele realmente encarnou o personagem do filme que originou esta série. O Norman sempre foi egoísta, mas existia algo no amor por sua mãe que o salvava. No episódio passado, ao negar o direito dela ser feliz com Romero, essa ternura desaparece. Ele só ama Norma quando ela lhe serve. Nesta, ele tira o anel que Romero deu a ela, ele não permite que ninguém esteja em seu funeral, ele a rouba da casa funerária. A partir daqui, nada do que ele fará terá qualquer ternura.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

3 Comentários


  1. roubando a pergunta da amiga Cristina : quem pagou o enterro da Norma?

    totalmente insano esse Norman do Freddie, ele dá mais medo do que o do filme
    os roteiristas devem beber da mesma insanidade pois como o Norman pode bancar um funeral como aquele se nem podia bancar uma internação ?
    alias tudo isso acontecer em duas semanas é muito rápido ….

    e o pobre do Dylan ficando por fora do que aconteceu com a Norma, prevejo sérias brigas dele com o Norman

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  2. Na real o Norman rouba a mãe do cemitério, e que maldade ele usar cola para deixar os olhos dela abertos o.O

    Me deu arrepios aquela família que gerencia a funerária … e como torci para o Romero esmurrar o Norman, torci muito !

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  3. Adorei o episodio também, só acho que Romero deveria se importar mais…..Fazer algo sei lá….Mas vai ser assim mesmo, agora o Norman vai nos aterrorizar mais ainda…..será que mata o Dilan também?? pode ser…

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