The Good Wife: Don’t Fail e Wanna Partner? (6×21 e 6×22)

Hora de juntar os cacos e recomeçar. Foi o que restou para Alicia nesta reta final da temporada em que ela se permitiu sonhar alto, ainda que não fosse exatamente o sonho que imaginávamos que ela teria – principalmente quando consideramos o seu passado de conflito com os vários sacrifícios que a política cobrou dela e de seus filhos.

Don’t Fail é sobre um recomeço difícil, mas muito mais real à Alicia que conhecemos do que a busca política: o idealismo. Alicia é abandonada pela carreira política e pelos grandes escritórios de direito, lhe resta recomeçar defendendo os clientes que não pagam tanto, mas que falam alto ao desejo de fazer o certo que ela sempre demonstrou ter.

E aqui é importante ressaltar que os produtores nunca tiraram isso dela, mesmo quando ela teve de pedir dinheiro ao velho chauvinista ou abaixar a cabeça para Bishop: Alicia sempre quis fazer o certo. Em verdade essa vontade de fazer o certo foi usada pela personagem várias vezes quando ela estava quase desistindo fraquejou na busca política por vaidade, característica que ela sempre manteve em níveis saudáveis.

E Deus sabe que políticos nunca tem vaidade em níveis saudáveis.

Agora, não há como negar: Alicia muitas vezes fraqueja. Se ela teve força para engolir calada o escândalo e depois recomeçar a vida em uma sala dividida com outro associado, ela fraquejou quando teve oportunidade e motivo para dar fim ao casamento. Ela fraquejou quando falou sim para voltar ao velho escritório e aos velhos hábitos.

E, ao pensar nisso, a cena que encerra a temporada, cuja frase dá nome ao episódio final, me dá medo.

Não existe idealismo para Alicia em uma sociedade com Canning. Em verdade, essa história de colocar a esposa de Canning na firma para ser despedida e então atrair a raiva dele me pareceu uma solução tirada da cartola.

Porque vemos Alicia reencontrar sua força ao defender alguém que acredita estar sendo injustiçado a ponto de falar para Peter que não quer que ele concorra a presidência – e ele vai, a gente sabe disso – e rasgando a tal carta da Kalinda e colocando o velhinho do Bishop para correr do apartamento para, em seguida, ver Finn dando adeus à série (eu já sabia que ele não voltava na temporada seguinte) e ela ficando sozinha e vulnerável.

Apenas uma Alicia solitária poderia aceitar um convite desses e nos resta torcer para que ela não aceite.

E, paralelo a tudo isso, vemos a saída de Kalinda. Vamos dizer assim que eu não vi ninguém incomodado com essa saída, visto que a personagem perdeu importância e brilho episódio a episódio nos últimos tempos – nem seu caso com Cary foi capaz de lhe dar alguma sobrevida interessante.

The Good Wife Wanna be my partner 6x22 s06e22 Alicia Kalinda

Saber que a cena final entre Alicia e Kalinda foi feita com uma montagem já que as duas atrizes não aceitavam mais estar na mesma cena – quem não aceitava, quem brigou, motivo da briga, nunca saberemos – foi o que realmente a tornou triste. Fico aqui com meus botões pensando: catso, sejam profissionais, engulam isso e façam seu trabalho.

Mas como não temos como exigir isso delas, nem os produtores exigiram. Só que eu fico pensando aqui que elas bem podiam usar as mesmas frases de seu diálogo na vida real, pedir e aceitar desculpas e seguirem em frente mais leves.

Agora, aqui entre nós, realmente Kalinda e o velhinho do Bishop formariam uma dupla e tanto.

Não foi um GRANDE final de temporada, mas não adianta, os Kings conseguem ser elogiados mesmo em episódios mais ou menos: fazer Alicia usar o nome de Kalinda, para depois ela ser confrontada pelo velhinho, afinal ela teria que ter encontrado a detetive para saber daquilo, quando a gente já estava quase esquecendo do risco que ela corria. Perfeito.

Assim como Alicia revisitando o trabalho que fez com Cary anos antes para descobrir a tal falha que a promotoria ia usar.

E o último caso da temporada? O que foi aquilo de sabermos que o amigo de Alicia estava preso naquele prédio e passar por toda aquela aflição, a sensação de impotência? temos então a jogada do médico, depois a do advogado falso, a juíza querendo almoçar, o código que o identificava como preso versus a história de que ele não tinha sido preso. Cada detalhe tão bem colocado.

Apesar de todas as falhas, The Good Wife continua sendo, pra mim, a melhor amostra de como se fazer um roteiro dramático coerente em que você consiga enxergar muito da vida real e ainda nos manter envolvidos, torcedores, emocionados.

Só espero que a próxima temporada não demore, não é mesmo?

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

1 comentário


  1. alguém pode me explicar, qual é o problema da Alicia com aquela porta ?
    ora bolas, precisa mesmo vagar pela casa toda com aquela porta para ser uma mesa ?

    um apartamento daquele e a Senhora Primeira Dama do Estado não tem uma mesa decente em casa ?!!!

    tirando essa minha neura, esses dois episódios valeu pela temporada toda, nada de jogo político e nada de concorrência desleal no escritório, pudemos ver a Alicia saindo do fundo do poço e se reerguendo e foi lindo, pena que o Finn foi embora

    e pelo amor de todos os santos …. o Canning não !!!

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