Downton Abbey – Temporada 5

Quando eu descobri Downton Abbey a série já iniciava sua terceira temporada. Devorei as duas primeiras rapidamente e passei a acompanhar as seguintes também em ritmo de maratona, com exceção desta quinta que assisti conforme a agenda do GNT.

Entendo bem os amigos que abandonaram a série após ou ao longo da terceira temporada, Downton Abbey é um excelente exemplo de série que teve dificuldades de manter a qualidade uma primeira temporada irrepreensível no seguimento de suas tramas. Mas também é um exemplo de como se recuperar do tombo em seguida, tendo tido uma boa quarta temporada e uma quinta temporada deliciosa.

Para quem ainda não acompanha a série – disponível hoje da primeira a terceira temporada no Netflix e no GlobosatPlay, aonde também é possível assistir aos dois últimos desta temporada – ela se inicia a partir de 1912 e conta a história da família Crawley e seus empregados, moradores da propriedade fictícia que dá nome à série.

Num tempo que nos parece absurdamente distante, a aristocracia tinha direitos quase escravocratas por seus empregados, encarregados não somente da manutenção da propriedade, mas até mesmo por pentear a vestir seus patrões.

Uma das maiores qualidades da série, em verdade, é retratar de forma tão correta esse passado bem como as mudanças que aconteceram de forma lenta, mas ainda assim incomodaram a muita gente.

Abaixo eu conto um tiquinho de cada temporada, então quem ainda não viu a série poderá dar de cara com spoilers, por mais que eu tenha tentado evitá-los, pelo simples fato de que tem coisas das quais é impossível não falar.

Downton Abbey Season 1 Temporada 1

Temporada 1: No começo da série temos dramas que hoje nos soam bobos, mas que na época seriam capazes de destruir uma família: o Conde Robert Crawley (Hugh Bonneville) enfrenta dificuldades em manter a propriedade da família, mesmo depois do casamento com uma americana milionária, Cora (Elizabeth McGovern). Por conta disso ele havia arranjado um casamento para sua filha mais velha, Lady Mary (Michelle Dockery) com o filho de um primo. O rapaz morre no acidente do Titanic, deixando Robert com um problema. Ou melhor, dois, já que a filha não está disposta a aceitar outro pretendente, querendo procurar por si mesma um novo noivo.

O problema é que a rebeldia de Mary não causaria só a perda da propriedade, mas de toda a fortuna de sua mãe, agora atrelada a esta.

Sorte que aparece um moço simpática e bonitão, Matthew Crawley (Dan Stevens), disposto a cortejar Mary. Ele tem dinheiro, mas sua mão é uma simples “plebeia” e acaba causando muitas torcidas de nariz na Condessa Violet (Maravilhosa Maggie Smith), melhor personagem da série.

Robert e Cora ainda tem duas filhas: Edith (Laura Carmichael) que era apaixonada por Patrick e que teve de desistir de seu amor pela irmã, e Sybil (Jessica Brown Findlay), a mais espevitada das três, metida a todo tipo de modernice e disposta a vingar Edith tentando conquistar Matthew.

Atendem a família uma legião de criados chefiada pelo mordomo, Sr. Carson (Jim Carter), que trabalha na mansão há anos, considerando Mary como uma filha, e meu segundo personagem favorito.

A equipe é formada pela governanta, Sra. Hughes (Phyllis Logan), que tem um grande respeito e admiração por Carson, a quem protege sempre que necessário; a cozinheira, Sra. Patmore (Lesley Nicol), que não aceita a autoridade de Carson; o valete do Lorde Grantham, John Bates (Brendan Coyle), apaixonado por Anna (Joanne Froggatt), uma das empregadas, Sarah O’Brien (Siobhan Finneran), mulher invejosa e egoísta que serve Cora; Thomas (Rob James-Collier), homem ambicioso que costuma roubar pequenos objetos de valor e mantém um relacionamento gay com um dos visitantes da mansão; William (Thomas Howes), um jovem ingênuo que preferia cuidar dos estábulos a servir dentro da casa; Gwen (Rose Leslie), jovem rebelde que se alia a Lady Sybil; Daisy (Sophie McShera), apaixonada por Thomas; e Branson (Allen Leech), o chofer, jovem irlandês com forte opinião política, que influencia Lady Sybil.

Enquanto Mary continua relutante entre ceder ou não aos encantos de Matthew, Cora engravida e a possibilidade de ser um menino deixa todos em polvorosa. O problema é que a “rádio peão” da época causa vítimas, quando a senhora O’Brien resolve se vingar da patroa achando que ela vai demiti-la e acaba fazendo com que ela perca o bebê.

Essa não foi a única maldade da temporada, apesar de ser a pior: magoada poe Mary ter lhe roubado o noivo, Edith acaba revelando que a irmã está tendo um caso com alguém considerado inadequado pela família, o que é vingado por Mary com a destruição da relação de Edith com seu novo namorado. O ódio entre as duas irmãs marcará todas as temporadas da série e acaba dividindo os fãs entre aqueles que gostam mais de uma e os que gostam mais da outra.

No andar debaixo é Bates a vítima da maldade: ele afeitos de ter assumido a culpa de sua esposa, de quem vive separado, pelo roubo de algumas coisas. Por sorte a retidão de Bates acaba garantindo que ele não perca sua importância em Downton.

A temporada se encerra, ainda, com as incertezas a respeito de Mary e Matthew, a primeira porque não tem certeza do que sente, o segundo achando que Mary não o ama.

Downton Abbey Season 2

Temporada 2: A segunda temporada é, para mim, a melhor da série. A família e seus criados são diretamente afetados pelos acontecimentos da Primeira Grande Guerra, o que muda bastante a dinâmica de tudo. A equipe foi bastante feliz ao reproduzir fatos históricos que não são tão conhecidos do público – normalmente conhecemos mais sobre a Segunda Grande Guerra – como a Batalha de Verdun a Revolução Russa e a invasão britânica em Jerusalém.

Matthew, Thomas e Willian partem para o fronte de guerra enquanto a propriedade praticamente se torna um hospital para feridos, com especial destaque para Edith, Sybil e a Isobel diretamente envolvidas no tratamento destes. Edith acaba descobrindo alguma importância para si ao confortas os enfermos, enquanto Sybil não somente se forma como enfermeira como ainda resolve assumir para a família seu amor por Tom, o motorista, causando um escândalo familiar.

Quem volta do front com novidades é Matthew, agora noivo. Depois da rápida aparição inicial, Matthew volta para Downton ferido e paralisado. O drama deste acaba tendo mais efeitos sobre Mary do que sobre sua mãe, já que está está dividida em assumir um romance com um novo personagem ou admitir o que sente por ele. A relação dos dois só será definida ao final da temporada, depois de muito drama.

Mas é em Daisy e Robert que os efeitos da Guerra me pareceram mais claros: Daisy acaba engolida pela ideia de fazer o certo, casando-se com um homem que não ama, mas que ela não tem coragem de magoar, se tornando uma viúva jovem. Já Robert vivencia a frustração de não ir ao campo de batalha e ao mesmo tempo não encontrar muita função dentro da própria casa, comandada agora por mulheres.

Se o especial da Natal traz a resolução para Mary e Matthew, que a pede em casamento ficando de joelhos e tudo, fazendo com que até mesmo eu ficasse emocionada, mesmo que eu não goste muito dela.

Ele só não é feliz por conta da nova peça pregada pela ex-esposa de Bates: cumprindo a promessa de acabar com a vida dele por ele deixá-la, ela se mata, garantindo que as provas levem a um assassinato e a um assassino.

downton abbey season 3

Temporada 3: Apesar de ser muito controversa e, simplesmente, não ser tão boa com suas antecessoras, a terceira temporada de Downton Abbey também teve sua dose de novidades como a aparição da mãe de Cora, uma americana bastante moderna vivida por Shirley MacLaine, e muito drama – que talvez tenha sido o pecado da temporada por ser exagerado.

Bates enfrentou muitas dificuldades antes de conseguir provar sua inocência e voltar para casa, o casamento de Mary e Matthew não é história de contos de fadas, a família sofre perdas, primeiro com a morte de Sybil após dar a luz a sua primeira filha – o que foi carregado mesmo de drama porque o roteiro deixa a certeza de que ela poderia ter sobrevivido caso Robert não fosse tão teimoso, ainda que sua teimosia, ali, estivesse tentando proteger sua filha caçula – e depois, no especial da Natal que encerrou a  temporada, com a morte de Matthew em um acidente idiota de carro.

As duas perdas foram ocasionadas pelo pedido de saída dos atores que interpretavam os personagens e nesse quesito eu não reclamo da decisão dos roteiristas, afinal em plenos anos 20 ficaria difícil justificar a saída dos personagens de qualquer forma. Eles poderiam apenas ter tornado a saída de Sybil menos traumática para todos.

O drama também atinge Edith, que mais uma vez tem seu coração partido novamente quando o noivo, no altar, a abandona, provavelmente convencido de que era a única coisa a fazer depois de todos na família, mas principalmente Mary e Robert, terem demonstrado que não o queriam por perto.

Após este acontecimento, Edith resolve dar ouvidos a avó Violet que lhe dá o melhor dos conselhos: “Você é inteligente! Pare de reclamar e e encontre algo para fazer.” É graças a isso que Edith também se tornará uma pioneira ao passar a escrever para uma revista inglesa e também encontrará um novo amor, ainda que os roteiristas tenham definido que ela está destinada a sofrer imensamente cada vez que se apaixonar.

Bates passará a temporada toda sofrendo na prisão enquanto Anna sofre em Downton e tenta provar sua inocência de todas as formas e eu acho que foi um alívio ainda maior para os fãs da série quando ele finalmente pode voltar para casa.

Downton Abbey Season 4

Temporada 4: se a terceira temporada foi em alguns momentos difícil, em certos momentos eu achei a quarta impossível. Sorte a deles que eu já estava apegada a todo mundo. O foco inicial da temporada é em Mary e a forma como ela precisa refazer sua vida após a perda do marido – bom, eu não gosto dela, então isso não deve ter ajudado nada nada a eu me empolgar.

Apesar disso, foi bastante interessante ver Mary e Tom passando a administrar a propriedade juntamente com Robert, na luta para conseguir modernizar as coisas e, principalmente, tornar Downton economicamente viável.

Edith começa a acreditar mais num futuro possível entre ela e Gregson, seu editor. Infelizmente antes do final da temporada Gregson desaparece durante uma viagem de negócios, deixando Edith não somente sofrendo pelo amor, mas com um novo problema para resolver: ela está grávida. Sua tia Rosamund e sua avó Violet tentam ajudá-la, o problema é que nenhuma solução é boa o bastante para uma situação dessas naquela época.

Enquanto uma nova personagem traz o brilho da jovialidade que foi perdido pela família após a morte de Sybil: Rose, sobrinha de Robert, além de linda é da “pá virada” – como diria a minha mãe – e quase se encrenca muitas vezes. Eu simplesmente adora a personagem!

Já Mary, após o luto, começa a ser disputada por vários pretendentes. Sim, morro de má vontade com a moça e não entendo como tantos podem cair em seu charme.

O especial de natal traz uma nova visita da mãe de Cora, dessa vez acompanhada do irmão desta, e uma trama que mostra a proximidade entre os Crawley e a família real, cabendo a Bates o papel de salvador da nação ao sumir com uma carta comprometedora. Uma boa mudança para alguém que constantemente termina a temporada com problemas – ainda que tenham sofrido ao longo da temporada quando o empregado de um visitante abusa de Anna e eles nada podem fazer.

Edith viaja para a Suiça para acompanhar Rosamund, quando na verdade ela viajou para ter sua filha e dá-la para adoção. Porém ela não consegue ficar longe da menina, já basta conviver com o desaparecimento de Gregson, e acaba trazendo a menina e pedindo a um fazendeiro na propriedade para adotá-la sem contar a esposa.

downton abbey season 5

Temporada 5: aí chegamos a recente e ainda fresquinha no coração quinta temporada. Deixei para trás todo o receio e o quase abandono que cometi entre a terceira e a quarta temporada e me reapaixonei – ainda que eu ache que eles, definitivamente, precisam ferrar com alguém que não seja o Bates.

Observação: e a foto oficial dela mostra o quanto o elenco cresceu nestes cinco anos, não é mesmo?

Esta é a temporada do amor, ainda que a Mary não tenha resolvido sua vida e Edith tenha tido a confirmação da morte de Gregson: Robert e Cora mostram o quão verdadeira é sua ligação, ainda que o Robert tenha precisado se sentir ameaçado para voltar a valorizar a esposa como deveria; Rose encontra um marido, e a conexão dos dois é absurdamente rápida; Isobel é pedida em casamento, ainda que tenha desistido dele por conta da resistência dos filhos do pretendente; e Carson finalmente pede a Senhora Hughes em casamento!

MELHOR CENA DA HISTÓRIA DA SÉRIE! (clique nas imagens para ver em tamanho maior)

Ainda descobrimos que Violet também tem seus segredos do passado, e eles incluem um princípe russo, e ela nunca esteve melhor. Eu poderia citar aqui pelo menos um ensinamento por episódio, principalmente quando o assunto era a petulância de Mary, que conseguiu se tornar a mais insuportável possível.

Se a queridinha filha mais velha teve algum bom momento na temporada, quando não estava desmerecendo da irmã ou ignorando o sofrimento do seu pai que perdeu a cachorra que lhe fazia companhias há anos, foi o fato dela se tornar responsável pelo próprio nariz em um tempo em que mulher alguma faça isso – ainda que mesmo aí ela tenha dado suas pisadas na bola.

Bates e Anna tiveram uma nova dose de sofrimento, dessa vez os dois foram parar na cadeia acusados, separadamente, de terem matado o empregado que abusou de Anna na temporada anterior. Bates acaba livra apenas no final do episódio de Natal, quase me matando de aflição em achar que só na sexta temporada iam resolver este assunto.

Daisy ganhou enorme destaque ao voltar a estudar e começar a ter ideias mais progressistas, para loucura do senhor Carson, e Tom resolveu atravessar o oceano em busca de uma nova vida, partindo o coração de Robert e Cora. Robert que teve cenas ótimas no especial de natal ao assumir o carinho e admiração pelo genro.

Edith foi outra a encontrar alguma paz – ainda que o perigo de Mary fazer algo de ruim continue rondando – ao receber o apoio de Cora e depois de Robert e trazer Marigold para morar na casa da família, ainda que continuem escondendo que ela é realmente filha da agora caçula.

Com tudo isso, como não ficar ansiosa pela próxima temporada?

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

5 Comentários


  1. adoro Downton Abbey …. mas que eu tenho sempre muita vontade de socar a Mary sempre, isso dá !

    já disse que a Mary merece um tapa na cara ?!

    ô mulher chata …. prontofalei !

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  2. Amo Downton Abbey…apesar de algumas pessoas torcerem o nariz e dizer que tá parecendo Dallas, ou seja uma novela sem fim.

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  3. Vou discordar em um ponto, achei a quarta temporada a mais fraca. E,embora achando que a série já deveria ter acabado, acho que a quinta temporada nos deu alguma esperança, pois foi bem melhor que a anterior.

    Algumas ressalvas, o rapaz com quem Mary iria se casar, era o herdeiro de Downton Abbey, pois pela lei, como o Conde só tinha filhas, estas não tinham direito à herança. E o casamento havia sido arranjado justamente por este motivo, para que a fortuna e a propriedade permanecessem com os Crowley.

    Na primeira temporada, Mathew não é apenas um rapaz bonitão que aceita cortejar Mary, ele é simplesmente o herdeiro de Downton Abbey, já que com a morte do herdeiro no Titanic, ele é o parente distante que vai herdar a propriedade, o título e a fortuna de Robert. E ele não tinha dinheiro, era um advogado sem grandes posses, que ficaria rico quando herdasse a fortuna dos Crawley.

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    1. Bem observado. Eu pensei que estava sozinho com a opinião de que Fellowes ficou totalmente perdido com a desistência do Dan Stevens, que fez o papel de Mathew. A quarta temporada foi muito forçada, a bem da verdade. É sabido que Julian já tinha escrito vários episódios para a quarta temporada antes da desistência de Stevens.

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  4. Adoro a Mary, personagem complexa e real. Quem prefere a típica donzela em perigo não gosta mesmo dela, normal.

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