Doctor Who: Deep Breath (8×01)

Respire fundo. Eu realmente acho que não poderia existir nome melhor para o episódio que marca a chegada de um novo doutor após o anterior ter passado centenas de ano defendendo “a cidade do Natal”.

Além disso, é a primeira vez que o Brasil recebe a estreia de uma temporada da série ao mesmo tempo que a Inglaterra. Eu não sei vocês, mas para mim foi um dia de muita comemoração.

Finalmente acho importante dizer que os meus piores textos tendem a ser sobre as séries de que mais gosto. Seja porque ainda estou contagiada pela emoção do episódio, seja porque eu simplesmente não consigo colocar no papel tudo que gostaria de dizer do jeito que sonhei dizer – é sempre melhor na minha cabeça.

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No sábado da estreia o BBC HD preparou uma maratona com os últimos episódios da sétima temporada e os dois últimos especiais, o que comemorou os 50 anos da série e o especial de natal de 2013.

Para quem não lembra, ou apenas para eu exercitar minha linha de raciocínio, no especial de 50 anos o Doutor passa por uma mudança radical ao modificar o seu passado e salvar Gallifrey. Nos acostumamos a ver o Doctor de Eccleston, logo após o final da guerra, um tanto “violento” (não em atos, mas em reações) porque carregava consigo o final de duas espécies e não entendia porque as demais a sua volta não podiam simplesmente ficar em paz.

Depois tivemos o Doctor de Tennant, que menos “violento”, carregava uma profundidade de quem conhece as grandes perdas – meu Doctor favorito.

Então tivemos o Doctor de Matt. Eu jamais vou esquecer um especial da BBC em que um convidado comparava Matt a um filhote insolente, desajeitado e que destrói algumas coisas a sua volta enquanto apenas está “brincando”. Para alguns a mudança foi chocante, saímos da profundidade para alguém que apenas tenta fingir que seu passado triste não existiu.

Claro que isso não dura muito tempo: ao longo da sétima temporada tivemos episódios um tanto mais sombrios e até mesmo antes disso, quando temos um Doctor mais solitário antes de encontrar Clara e já com Amy e Rory casados e seguindo com sua “vidinha”, o Doctor de Matt voltou a carregar seu tanto de tristeza – afinal, quem viu dois mil anos de perdas e partidas tem que ter um pouco de tristeza.

Então no especial de 50 anos – o quão lindo ele foi? – vemos os três Doctors juntos mudando o passado e com isso criando um novo futuro. Se isso poderia diminuir a tristeza carregada pelo Doctor de Matt, bem, o especial de natal fez questão de mostrar que, ainda assim, existem mortes e perdas a lamentar.

Um Doctor solitário, que manda Carla de volta para casa e a coitada quase morre congelada no processo, decide ficar e lutar. Se ele teria fugido caso a TARDIS tivesse voltado? Talvez ele a tivesse usado para resolver a questão um pouco mais rápido, mas a gente sabe que ele “nunca desiste”.

Mas questão é que ele não tinha mais regenerações para gastar – amei quando ele fala que o Tennat gastou duas regenerações só porque era vaidoso demais – e os roteiristas, entenda-se Moffat, precisavam arrumar algo muito bom para nos convencer a comprar uma nova.

Então o chamado de Clara pelos demais Senhores do Tempo, agora a salvo, foi perfeita. Eu não sabia se ria ou chorava naquele momento, mas eu sabia que era uma das coisas mais bem escritas na série.

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Mas isso teve efeitos colaterais e o novo Doctor chega um tanto mais confuso que nas vezes anteriores, e olha que eles também traziam um tanto de desastre, e, principalmente, com um rosto velho. Pra mim é impossível não achar que a escolha de um ator mais maduro foi perfeita para refletir o tanto de coisas pelas quais ele passou em suas últimas versões.

Claro, os trejeitos de Capaldi no papel ajudaram muito: muito parecido com o Doctor de de Tennant, mas com um tempero de Eccleston. Ainda assim: único.

O primeiro episódio tinha muito para entregar, mas a tensão desaparece em poucos minutos: entre as confusões que um homem  que não sabe exatamente quem é pode causar e um dinossauro no meio da cidade de Londres, os rostos conhecidos de Vastra, Jenny e Strax nos confortaram.

As brincadeiras “sérias” com os medos de Clara serviram de perfeito paralelo aos fãs mais jovens, alguns ainda torcendo o nariz para um Doctor envelhecido e que muitas vezes torceram por um namorico entre Clara e o Doctor, e o “sermão” de Vastra sobre o assunto serviu bem para encerrar o assunto – que pra mim nunca existiu, afinal sou time #RiverForever.

A escolha de um vilão conhecido, ainda que em diferente roupagem, também funcionou bem, além de não ter sido óbvia. Além disso, eu fiquei sem respiração quando todo mundo ficou preso com aqueles androides.

Finalmente, mas não menos importante: quem mentiu sobre a programação original? Adorei o fato de não sabermos, e o fato de que provavelmente um dia saberemos, porque essa é uma das séries em que você pode apostar que as coisas não acontecem à toa.

Diálogos inesquecíveis:

Inspector Gregson: It’s just laid an egg.
Madame Vastra: It dropped a blue box marked “Police” out of its mouth. Your grasp of biology troubles me.

 

The Doctor: So tell me, what do you think of the view?
Half-Face Man: It is beautiful.
The Doctor: No, it isn’t. It’s just far away. Everything looks too small. I prefer it down there. Everything is huge. Everything is so important. Every detail, every moment, every life clung to.

 

Half-Face Man: I am not dead.
The Doctor: You are a broom. Question–you take a broom, you replace the handle, and then later you replace the brush and you do that over and over again. Is it still the same broom? Answer–no, of course it isn’t. But you can still sweep the floor. Which is not strictly relevant, skip that last part.

 

The Doctor: I–I don’t think that I’m a hugging person now.
Clara: I’m not sure you get a vote.
The Doctor: Whatever you say.

P.S. Feliz da vida com o Capaldi, mas eu não ia me importar nada nada em ter uma temporada com John Hurt como Doctor.

P.S. do P.S. Impossível escolher cena favorita: Doctor perdido de camisolão escrevendo no chão, e minha filha falando que ele voltou ainda mais louco; ele fazendo declaração de amor para a dinossaura e ela explodindo em seguida; a ligação do Doctor anterior para Clara que encheu meus olhos de lágrimas; Vastra, Jenny, Strax e Clara presos com os androides; Doctor e o mendigo num diálogo-monólogo dos mais engraçados;

P.S. do P.S. do P.S. Teorias para a “namorada” do Doctor? Hummm, uma versão mulher da TARDIS? Uma nova encarnação da River? Uma Clara envelhecida brincando com o fato de Moffat e todo mundo falar que ele não era seu namorado? Alguém que ainda não conhecemos? Who knows…

P.S. do P.S. do P.S. do P.S. Nova abertura com música antiga: adorei!

P.S. do P.S. do P.S. do P.S. do P.S. Novo interior da TARDIS: eu gostei!

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

1 comentário


  1. Também amei a nova abertura e a nova Tardis. E a referência: “You redecorated. I don’t like it.”

    Aliás, amei o episódio todo.

    E falando em referências: Gregson, o inspetor, é referência mais que óbvia a Sherlock, como se a dupla Vastra/Jenny na Inglaterra vitoriana não fosse suficiente.

    E a metáfora da vassoura me lembrou o Eleven! Acho que é algo que ele diria. O Twelve realmente tem um pouquinho de cada um deles.

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