The Newsromm: 5/1 (1×7)

Lembro de ter lido ou ouvido uma vez que o Brasil não era tão grande ou seus cidadãos tão dedicados porque o pais nunca teve uma guerra. Solto assim o comentário pode parecer meio absurdo, mas em seguida o autor embasava sua observação falando do quanto o sofrimento muda uma pessoa ou um grupo delas e que obriga, de uma forma ou outra, que eles amadureçam.

Após ler este texto eu mudei a forma como eu via muito do que sabia sobre a sociedade americana ou mesmo as sociedades européias. Passei a entender melhor as historias contadas por amigos sobre antepassados que haviam vivenciado uma guerra. Passei a entender melhor meu avô fugido de uma guerra civil na Espanha.

E, provavelmente por isso também, eu entendi melhor o que eles sentiram quando Osama Bin Laden foi finalmente morto. Em seu discurso após a confirmação da morte do terrorista, Obama fala sobre o que foi invisível a nós que estávamos longe quando tudo aconteceu, o lugar vazio na mesa, o rosto que não estará mais nas fotos. Ele não poderia ter escolhido exemplo melhor do que o atentado de 11 de setembro significava para cada um deles.

Além disso, além dessa perda muito pessoal – que alguns personagens de nossas séries preferidas nos mostraram ao longo dos últimos dez anos – existiu o ataque ao espírito de nação desse povo todo.

Ao pensar nisso tudo é com lagrimas nos olhos – sim, eu choro fácil – que eu entendi nos olhares de Don o porquê do comportamento daquela comissária de bordo, daquele capitão do avião. E foi com lagrimas que eu imaginei como alguém na posição deles se sentiria ao estar vendo a historia acontecer ali, na sua frente.

E Sorkin foi feliz demais nas cenas a partir do momento em que a historia é confirmada: é palpável a emoção de cada personagem, expressada em pequenos olhares, em pequenas atitudes, em grandes silêncios, no fato de cada um naquela sala ficar em pé para ouvir seu presidente.

P.S. Enquanto isso Jim, Don e Maggie vão vivendo suas vidas, tentando fugir do inevitável. A historia nos envolve e diverte enquanto a historia acontece. Afinal, porque é assim nossa vida real.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

4 Comentários


  1. Como sempre, Simone, que belo review. Esse episódio eu achei excepcional e muito em parte por tudo o que você descreveu. O olhar do Don, quando frente a frente com o comandante do avião, ao invés de dar um esporro começa a olhar os detalhes do uniforme e você vê que ele se lembra dos aviões sequestrados com seus comandantes, e daí resolve dar a notícia quase que com uma enorme consideração. Foi espetacular!!!

    Eu sempre acreditei que a diferença do nosso povo com os americanos, europeus, alguns asiáticos, tinha muito a ver com o que você descreve no começo da review. Apesar do horror, do abominável, a guerra, e por consequência, a fome, as privações, a falta de abrigo, o frio excessivo, o medo, a insegurança, enfim todos esses aspectos físicos e emocionais FORJAM o caráter de um homem ou mulher e de uma nação.

    Eu sou neta de italianos (por parte de mãe) e de espanhóis (por parte de pai). E tenho cenas de infância com uma das minhas avós descascando uma batata sem desperdiçar absolutamente nada, tirando só a pele da batata mesmo. Para chegar a essa noção do NÃO desperdício, precisou haver muita sofrimento lá atrás. E nós aqui nesse OBA-OBA, nessa falta de consciência, que me faz, às vezes, querer sumir.

    Responder

    1. Oi raquel, eu tinha uma amiga cujos avós e pais viveram na Alemanha pós guerra, dá pra imaginar? Ela contava cada história que me deixava arrepiada. Realmente aqui as pessoas não entendem certas coisas e acabam não exercendo cidadania de verdade.

      Responder

Deixe uma resposta