The Good Wife: Pilot e Stripped (01×01 e 01×02)

The Good Wife S01E01 S01E02

Eu já falei mais de uma vez aqui sobre a relação que crio com meus seriados preferidos: em algum lugar estranho da minha mente, ou do meu subconsciente, eu acho que estou acompanhando a vida daquelas pessoas-personagens e que eles são meus amigos.

Por outro lado, uma brincadeira que eu e meu marido sempre fazemos é, ao ver um ator em participação especial ou em um novo seriado, ficar falando o que aconteceu com o personagem de maneira a ele ter surgido nessa nova “concepção”.

Isso funciona muito bem principalmente nas participações especiais em Law & Order e CSI – qualquer dentro das franquias – e brincamos como um médico virou assassino após ter um colapso causado pelo excesso de trabalho.

Pois bem: a brincadeira tem graça, mas ela também é um indicativo de como alguns atores ficam marcados por algum personagem em especial que tenham feito.

Para os velhos fãs de seriados como eu – nem tão velhos – Juliana Margules é uma dessas atrizes marcadas por um personagem, no caso a Carol de ER. Ela tentou outras séries, que não sobreviveram por muito tempo, e tentou o cinema.

Aí, lá vem esses produtores, anunciam que ela será protagonista de um novo seriado: sai a enfermeira e entra a advogada. Mais que isso: em seu novo papel, como Alicia Florrick, Juliana é advogada, mãe, esposa traída, mulher se redescobrindo.

Saem os cachos revoltos e o uniforme insosso verde água e entram os cabelos cuidadosamente dominados e os terninhos chiques que uma mulher de promotor merece usar.

Apesar de todas essas diferenças, ou quem sabe destacado por causa delas, é o talento de Juliana que acaba sobressaindo quando assistimos The Good Wife. É a mesma atriz, mas, nitidamente, é outra mulher ali, com experiências diferentes.

The Good Wife é incensada lá fora como a melhor estréia da temporada e, na pobre opinião de fã do gênero, eu não poderia concordar mais.

No primeiro episódio somos apresentados de maneira magistral ao drama de Alicia: ela se colocou em segundo plano por causa da carreira do marido e de repente perde seu ponto de equilíbrio ao descobrir que esse marido paga por prostitutas e é acusado do uso indevido do dinheiro público.

Ela tem de se reerguer, volta a trabalhar, graças a indicação de um amigo, em um grande escritório de advocacia e precisa segurar a barra em casa com os filhos, enquanto o marido se afirma inocente – e em sua mente ele é, já que o único crime que ele se acha acusado é o de uso do dinheiro público.

A identificação com a personagem é tão rápida que em certos momentos dói. São algumas frases que ela solta aqui e ali sobre sua situação – como quando diz que nunca perguntou sobre a vida do marido porque achava que não era necessário, ou quando fala para a primeira acusada que defende de que ela se acostumará com aquilo – que fazem com que identifiquemos alguns dilemas que nós mesmas vivemos em alguns momentos.

Já no segundo episódio isso se repete: Alicia precisa defender uma stripper e garota de programa que ela acredita ter saído com seu marido e nem assim ela perde o prumo. Enquanto no novo promotor acha que ela perdeu algo ao perder o caso, ela não se sente perdedora, porque o criminoso vai enfrentar a justiça, de um jeito ou de outro.

Nada mais verdadeiro do que o finalzinho do primeiro episódio em que ela diz ao mesmo promotor que ele tornou a questão pessoal quando ele trouxe a história a pública e, com isso, fez com que ela precisasse salvar seus filhos de serem magoados.

Ele nunca deixou uma mulher com raiva antes. Ele nunca mexeu com uma mãe de família. A cena final do segundo episódio, que ilustra esse post, mostra Alicia reconquistando um pouco mais de si mesma, ao aceitar ouvir as tais declarações de uma das prostitutas envolvidas com seu marido.

E ainda temos a história revelada pelo filho de Alicia, de que houve montagem das fotos do marido de Alicia e uma das prostitutas. O que isso significará daqui por diante? Não sei, mas acrescenta um pouco de simpatia pelo personagem, a quem você já odeia desde os cinco primeiros minutos do primeiro episódio.

The Good Wife é mais do que um bom seriado de tribunal porque, aqui, mais que um caso ou outro defendido por Alicia, e eles são bons também, é a vida de alguém sendo reconstruída a que assistimos, e de uma maneira muito prazerosa.

Juliana: bem vinda novamente, é um prazer vê-la dando um show na tela.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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