Epitáfios: O final tem duas caras

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*Texto escrito, originalmente,m para publicação no Teleséries

Eu não esperava por uma segunda temporada de Epitáfios. Não que faltasse potencial ou qualidade, pelo contrário, mas a primeira temporada da série latina da HBO nos apresentou uma história com início e fim, e um fim bastante satisfatório.

Centrada no policial Renzo Márquez (Julio Chávez), a primeira temporada mostrava sua busca para prender um assassino em série, após anos afastado da polícia por não ter conseguido evitar a morte de várias crianças em uma escola local. Sua volta ocorre porque, no mesmo local aonde é encontrada a primeira vítima do assassino existe uma lápide com seu nome.

A qualidade do seriado – imagem de alta definição, gravação em 16mm, edição de imagem caprichada e som Dolby – serviu para ressaltar um roteiro muito bem amarrado e a atuação de atores muito bem escolhidos.

No último episódio da temporada, Renzo finalmente consegue pegar o algoz, mas não consegue impedir a morte de Laura Santini, psicóloga do assassino, também ligada ao crime do colégio, e com quem Renzo se envolve ao longo da investigação.

O sucesso do seriado, dentro e fora da América Latina – com destaque para o sucesso nos EUA, algo raro para produções latinas – justificou a busca por uma nova história para uma segunda temporada, que conta com os mesmos roteiristas, os irmãos Walter e Marcelo Slavich.

Nos dois primeiros episódios, que assistimos a convite da HBO, tivemos a oportunidade de também assistir a um especial com a produção e atores falando sobre esta segunda temporada. Percebemos que o capricho da produção foi mantido, que os atores se envolveram ainda mais e que, de novo, teremos um ótimo vilão por companhia.

Esta temporada também tem uma história ligando todos os seus episódios: um assassino com dupla personalidade, que recebe ordens através do espelho, começa a cometer assassinatos que imitam, em detalhes, crimes do passado, noticiados em jornais argentinos.

Renzo agora integra um esquadrão especial da polícia de Buenos Aires e tem como parceira Marina Segal (Cecília Roth), que continua tão prejudicada quanto antes (a palavra em inglês “damage” talvez se aplicasse melhor aqui), fazendo seus jogos de roleta russa e quase perdendo seu emprego.

Os dois deverão investigar um estranho assassinato, cuja vítima teve sua pele arrancada do peito e foi pendurado no teto de sua sala. As semelhanças com um crime cometido 20 anos antes são enormes, mas uma diferença é clara: toda a “tortura” foi realizada após a morte, ou seja, o objetivo maior do assassino era realmente imitar a imagem e não o crime em si.

EpitáfiosO assassino é interpretado por Leonardo Sbaraglia, praticamente irreconhecível. O premiado ator argentino soube dar adequado nível de loucura ao personagem, em cenas sempre sombrias e que se confundem entre presente e passado.

Outro importante personagem é XL (Alejandro Awada), primeira vítima do assassino que, milagrosamente, escapa da morte após ser enterrado vivo, numa clara imitação da morte de Laura Santini. Sem dizer qualquer palavra ele acaba em um hospital psiquiátrico, mas permanece ligado ao seu algoz, já que, horas antes de cada crime, ele consegue prever o que acontecerá e tem o nome da vítima, despertando a curiosidade de Renzo.

Júlio Chavez, no especial sobre a série, afirma que esta temporada será mais psicológica, mas as pesadas cenas dos crimes, de uma crueza que traz desconforto, continuam lá, bem como o constante conflito interno de seus personagens, que aparentam não ver mais caminho para a felicidade.

Epitáfios é uma série forte, com um clima de tensão absurdo, e que prende sua atenção e curiosidade desde o primeiro episódio, repetindo o feito da primeira temporada.

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Epitáfios estreia hoje, às 22h00, na HBO.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

1 comentário


  1. Hoje assisti com pesar à morte de Marina Segal. Não havia perspectiva de futuro para ela como Policial, mas doeu vê-la pôr fim a sua vida. E agora, Mariano, como você ficará? Foi usado pelo assassino e caiu numa armadilha, na qual morreram duas pessoas importantes do Departamento. E Renzo, como se sairá depois dessa tragédia?

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