Dois episódios seguidos cujos problemas foram centrados na água. Nada mais sugestivo em tempos em que a discussão sobre nossa dependência dela, e de como os seres-humanos estão conseguindo destruir o pouco que resta, anda em alta.
E dois bons episódios de Eleventh Hour. É engraçado isso. Não acho Eleventh Hour excelente, gosto dos roteiros, gosto do fato de crimes estarem ligados a ciência, de alguma forma, gosto da personalidade de Hood e sua interação com Rachel, sem cair em pegadinahs româncticas. Mas não consigo ficar sem é das explicações de Hood para cada coisa. É como se as aulas de ciência aplicadas por Dr. Hood a cada episódio tivessem se tornado as minhas preferidas, e como Rachel não é ligada nessas coisas, ele acaba arrumando os jeitos mais prosaicos de ensinar ciência. Sensacional!
E H2O ainda teve a participação de Liza Weil, a eterna Paris de Gilmore Girls (tá, também pode ser citada por sua participação na sexta temporada de ER, no episódio em que Carter acabou levando uma facada). A cena inicial do episódio é bastante forte, mostrando o marido da personagem dela acabando com um cara no supermercado. Hood e Rachel acabam na cidade porque ele não é o único agindo estranho, e nenhuma causa aparente é verificada.
Somente quando o próprio Hood tem seu momento de loucura, após tomar um banho, é que eles confirmam que a fonte dos problemas seria a água da cidade. Agora, surpreendente o porquê: traficantes colocaram PCP, droga alucinógena em desuso, em canos para transportá-la sem despertar desconfiança. Numa confusão de lotes os canos vão parar no encanamento de cidade e, em contato com o cloro aplicado na água, acabam deixando parte da população doidona.
Em Miracle é ao contrário: a água de uma fonte surgida durante uma tempestade cura o câncer de um menino, saindo nos jornais. A notícia chega até Hood, inconformado com o milagre. Sabemos então que a esposa de Hood morreu de câncer anos antes e que parte da incredulidade do cientista em relação ao milagre vem daí: por que o garoto mereceria o milagre a despeito de outros.
A aula de ciência chega quando ele começa a explicar para Rachel o que é a água pesada. No começo da explicação eu só ficava pensando: se ela é tão eficiente por que não é usada contra a doença? Aí o Dr. Hood explicou sobre o quanto este tipo de água é tóxica e ficou mais claro ainda o fato de não existirem milagres quando a questão é o câncer.
Link Permanente
Simone, cheguei aqui pelo pingback do House e me deparei com este post. Engraçado, ontem eu tentava explicar para o Gui porque eu vejo Eleventh Hour e foi só deixar ele ver um epsiódio inteiro comigo para ele ficar “habituée” como eu… huahauha. Acho que queremos explicações para a vida como ela é e encontramos nestes devaneios dos cientistas que lidam com o “fora do comum”. Tem um quê de escatológico na nossa afeição por eles, né?
Engraçado é que conversando com minha irmã que é médica eu notei que eles fogem destes seriados tanto quanto eu dos que se passam em ambientes ligados à comunicação – e como tem jornais, agências de publicidade e assessores de imprensa nos seriados e filmes, não? Todos nós queremos uma feliz fuga da realidade que o entretenimento permite!
Link Permanente
Oi Sam,
é bem isso mesmo, se tiver muita relação com nossa realidade a gente tende a fugir. Mas existem exceções, mesmo que pequenas. Em Lipstick, por exemplo, a realidade delas é distante, mas os sentimentos e experiências não, acredito que, nesse caso, o que buscamos é um final feliz para elas, para podermos acreditar em um final feliz para nós também.