Law&Order: Unorthodox (08×13)

Eu sempre critiquei, e continuo criticando, as posições assumidas na maior parte dos episódios de Law&Order: SVU. Em quase todo episódio que poderia ser polêmico os roteiristas acabam optando por um final aberto, tipo: resolva você como essa história terminou.

De cabeça lembro agora de dois: no caso de uma mulher que começa a ajudar pessoas a se suicidar, que seria filha do Doutor Morte. No julgamento dela o pai se suicida e o episódio acaba, sem sabermos se ela seria condenada ou não.

Em outro, com a participação especial de Mark Valley, o Brad de Boston Legal, em que ele acaba por matar sua esposa, depois de descobrir que o filho que ele criara não é seu filho e que ela pretendia levá-lo com ela ao assumir seu amante. Ao invés de aprofundar essa discussão sobre o fato dele ter ou não direitos maternos, matam a mãe e acaba o episódio. Não sabemos nem como foi o julgamento dele.

Bom, isso tudo foi só para dizer que tive oportunidade esses dias de assistir ao episódio Unorthodox, da atual temporada, e que os roteiristas desse episódio em especial estão de parabéns, pois, em momento algum, procuraram a solução fácil. Tá, não foi irrepreensível, pois faltou responsabilizar o pai do menino pelas atitudes dele.

O caso do episódio começa desafiando desde seu início: primeiro a própria vítima, um jovem menino de nome David, de família judaica, passando pelo difícil processo de uma separação, já que o pai dele optou por seguir um seguimento mais ortodoxo da religião.

A primeira suspeita dos detetives recai sobre os homens da religião que participam de sua educação. E existem motivos, já que um dos professores já foi denunciado no passado por abuso, tendo a denúncia sido retirada.

Mas é nesse mesmo lugar que o menino busca por ajuda. Ele pede ajuda ao rabino, que acaba por levá-lo para uma cidade habitada apenas por pessoas da religião. Inicialmente a família, assim como os detetives, acredita que ele foi seqüestrado e, somente depois de encontrá-lo é que eles ficam sabendo o que realmente aconteceu.

A conversa com David, depois de sua fuga, mostra o verdadeiro problema: o menino vinha sido abusado por um colega de escola um pouco mais velho. Daí em diante um cenário assustador se forma.

Um garoto sem barreiras morais, sem noção do certo e errado. Esse é o culpado pelo estupro de várias crianças. O motivo? Para mim sempre foi claro: criado apenas pelo pai, que o deixava em casa sozinho com o irmão até muito tarde com acesso total a canais de conteúdo adulto, sem ninguém que lhe coloque limites, a formação dele evidentemente ficaria deficitária.

O roteiro parte para outra vertente: a advogada de defesa resolve responsabilizar a mídia pelas atitudes do menino. A mídia sozinha não faz nada. É necessário que os pais se mantenham conscientes de seu papel, imponham limites, dêem base para que as crianças aprendam o certo e o errado, forneçam os padrões.

O depoimento de Jack, o menino, falando que ele não via nada de errado no que tinha feito, de que nos filmes as pessoas também choram e gritam, mas gostam do que está acontecendo, é chocante. E eu acho que devem existir crianças que pensam assim, que não tem o discernimento.

Ao invés de um final em aberto, vemos Jack sendo inocentado das acusações. A questão fica para a gente: ele era realmente responsável pelo que fez, sendo que não tinha base? Seu pai merecia uma punição? E a justiça para o que aquelas crianças passaram? Elas nunca mais serão as mesmas…

Um episódio para te fazer refletir, realmente.

Escrito por Simone Miletic

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

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