Pushing Daisies: Pie-lette (01×01)

Como o Paulo Antunes já escreveu em seu review no Teleséries (você lê aqui), Pushing Daisies tem dois criadores e um deles é o mesmo criador de Dead Like Me e Wonderfalls, e este novo seriado me lembrou mais do segundo (o clima de exagero e fantasia já estava bem presente nas Cataratas do Niagara). Mas ele me lembrou mesmo foi de Twin Peaks, obra surreal para a televisão de David Linch, o autor do surreal. Eu poderia, apenas num primeiro momento, dizer que Pushing Daisies é um seriado do surreal “do bem”, positivo, enquanto Twin Peaks era marcadamente um surreal “do mal”, do obscuro.

Apesar de, a primeira vista, o que nos chama a atenção e funciona como centro para todas as histórias que se desenrolam, ser o poder de Ned de trazer de volta a vida, com seu toque, pessoas ou animais ou insetos ou frutas, chega determinado momento que você se encanta com ele e Chuck apesar disso, e não por isso.

Ao contrário do que li por aí, Pushing Daisies não é um seriado fácil, é mais do estilo: ame-o ou deixe-o. Tudo ali é exagerado ao extremo, do tom de voz do narrador às cores usadas nos cenários. Mas não consigo imaginar o seriado de outra maneira. Se o colorido das margaridas amarelas não fosse tudo aquilo, Couer D’ Couers, bairro da infância dos dois protagonistas, não seria tão encantador.

Couers D\'Couers

O piloto do episódio nos apresenta o drama de Ned, ao descobrir seu poder ao reavivar seu cachorro após este ser atropelado por um caminhão. Até aí não tinha drama, drama mesmo foi descobrir que, após reavivar alguém, ele teria 01 minuto para levar essa pessoa de volta a morte, caso contrário alguém próximo morre. E ele descobre isso ao salvar sua mãe e, por consequência mas sem culpa, mata o pai de Charlotte, a Chuck, que lavava o quintal…

Vinte anos se passaram, Ned agora é dono de um restaurante quase falido de tortas e, em suas horas vagas, ajuda um investigador a desvendar crimes com recompensas, acordando os não mortos (adorei isso) por apenas 01 minuto, tempo suficiente para perguntar quem os matou, ficando com metade do valor obtido.

Seu caminho volta a se cruzar com o de Chuck, assassinada em um cruzeiro depois de passar anos vivendo com suas tias, ex nadadoras de nado sincronizado que não saiam de casa, mas ele não consegue ficar com ela apenas um minuto (quando ele fala que a deixou viva porque acreditava que sua vida seria melhor com ela ali eu fiquei encantada!). A partir daí ele e Chuck foram uma nova dupla na vida, que vira um trio na investigação de crimes com Emerson, o detetive.

Uma das coisas que mais me marcaram foram as saídas encontradas pelos roteiristas para o fato de que Ned não pode novamente tocar Chuck (a de cada um segurando sua própria mão como se estivesse segurando a do outro foi ótima). Outra o clima de novidade que Chuck dá ao poder de Ned ao perguntar ao primeiro morto que eles reavivam juntos se ele tinha algum último desejo.

Meu único receio: que o fato de Ned não ter tido coragem de contar a Chuck que o pai dela morreu por causa do poder dele não se torne uma daquelas viradas de história tão batidas nos demais seriados (tipo, os dois brigando por causa disso ou algo nessa linha).

Até a narração que, confesso, me irritou nas primeiras duas partes, acabou por me conquistar, usando de sacadas inteligentes para contar essa história tão diferente.

Escrito por Simone Fernandes

Formada em contabilidade, sempre teve paixão pela palavra escrita, como leitora e escritora. Acabou virando blogueira.

Escreve sobre suas paixões, ainda que algumas venham e vão ao sabor do tempo. As que sempre ficam: cinema, literatura, séries e animais.

2 Comentários


  1. Ótima review, Si. Concordo plenamente que se Pushing fosse mesmo só um pouquinho menos Over the top, perderia sua identidade.

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  2. Gostei mas ainda não consigo colocar numa lista de favoritas. Preciso de mais episódios para decidir.

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